Almeirim, 30 de abril de 2025 – A população de Almeirim, particularmente da freguesia da Raposa, intensificou as exigências pelo encerramento definitivo do aterro sanitário da Raposa, gerido pela Ecolezíria, após um incêndio deflagrado a 23 de abril. O incidente, que mobilizou 52 bombeiros de várias corporações da região, reacendeu preocupações sobre os riscos ambientais e de saúde pública, levando à criação de uma petição pública que já reúne mais de 250 assinaturas.
O incêndio, que começou às 18h na zona de triagem do aterro, foi controlado, mas a sua extinção total prolongou-se devido à complexidade do combate às chamas em resíduos. Este não é o primeiro incidente no local: em 2023, um foco de incêndio já havia gerado alarme na comunidade, e os moradores queixam-se de maus odores persistentes há anos. A petição, dirigida à Câmara Municipal de Almeirim, à Ecolezíria, à Agência Portuguesa do Ambiente (APA), ao Ministério do Ambiente e à Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), exige a suspensão imediata da deposição de resíduos, uma inspeção ambiental independente e a definição de uma data concreta para o fecho do aterro. “Vivemos com o cheiro constante e o medo de novos incêndios. A saúde dos nossos filhos está em risco”, refere Maria Fernandes, residente da Raposa e uma das promotoras da petição.
O aterro da Raposa, localizado junto à Estrada Nacional 114, tem sido alvo de críticas desde que, em 2014, surgiram promessas de encerramento devido à sua capacidade esgotada. Em 2023, a Ecolezíria anunciou que o espaço seria transformado numa “montanha verde”, com a deposição de resíduos a cessar em 2025. Contudo, a falta de um cronograma claro e os incidentes recentes aumentaram a desconfiança da população. Cristina Casimiro, presidente da Junta de Freguesia da Raposa, expressou frustração: “A informação é insuficiente. Precisamos de transparência e ações concretas para proteger a nossa comunidade.”
A Ecolezíria, em declarações anteriores, afirmou que o processo de encerramento está em curso, com a modelação das bancadas e a cobertura dos resíduos já iniciadas. Após o fecho, o aterro funcionará como Estação de Transferência de resíduos do concelho, e a empresa planeia continuar a explorar biogás e tratar lixiviados. Dionísio Mendes, administrador executivo da Ecolezíria, garantiu que “a deposição de resíduos é feita de acordo com os parâmetros legais”, mas os moradores exigem relatórios de inspeções e esclarecimentos sobre as causas do incêndio.
O impacto do aterro vai além da Raposa, afetando a qualidade de vida em Almeirim e atraindo atenções regionais. A petição sublinha a necessidade de um plano de transição comunicado à população e apela à união dos munícipes para pressionar as autoridades. “A nossa voz tem de ser ouvida. Não podemos continuar a viver com esta ameaça”, reforça Maria Fernandes.
Enquanto o aterro permanece ativo, a população mantém a pressão, com a petição disponível online para assinatura. O desfecho deste caso será decisivo para o futuro ambiental e social da freguesia da Raposa e do concelho de Almeirim.