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Chuva “Brutal” em Odivelas: Fenómeno Extremo ou Previsível? Especialistas e Autarcas Divergem nas Conclusões

Chuva "Brutal" em Odivelas: Fenómeno Extremo ou Previsível? Especialistas e Autarcas Divergem nas Conclusões

No passado sábado, Odivelas e Loures, no distrito de Lisboa, foram palco de um episódio meteorológico intenso que durou cerca de uma hora, mas cujos impactos deixaram marcas profundas. A chuva torrencial inundou dezenas de ruas, levou ao encerramento temporário da estação de metro e resultou em mais de 190 ocorrências relacionadas com inundações , incluindo o transbordo do rio Trancão na Flamenga, em Loures, onde condutores tiveram de ser resgatados das suas viaturas.

Enquanto a autarquia descreve o evento como “brutal” e “sem precedentes”, especialistas em meteorologia explicam que este tipo de fenómeno não é raro nem excecional, atribuindo os problemas à urbanização descontrolada e à falta de infraestruturas adequadas para lidar com precipitações intensa.

O Que Aconteceu em Odivelas?

De acordo com meteorologistas, o episódio foi causado por células convectivas com forte desenvolvimento vertical , responsáveis por aguaceiros intensos, localizados e de curta duração. No caso de Odivelas, a célula formou-se quase estacionária sobre a cidade, concentrando a precipitação durante aproximadamente uma hora.

“Este tipo de precipitação não é raro nem excecional. O problema não foi a chuva, foi onde caiu”, explica o climatologista Mário Marques. Ele alerta que regiões como Odivelas, com décadas de impermeabilização do solo, urbanização descontrolada e redes de drenagem subdimensionadas, são particularmente vulneráveis a este tipo de eventos.

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) também confirmou que este episódio estava dentro das previsões meteorológicas, com alertas emitidos dois dias antes do evento. Apesar de não ser possível prever a localização exata, o grau de precisão foi suficiente para alertar os municípios sobre as condições adversas.

A Perspetiva da Autarquia

Por outro lado, João António, vereador da Proteção Civil de Odivelas, descreve o cenário como “sem precedentes”. Em declarações à CNN Portugal, ele comparou este episódio com cheias anteriores, como as ocorridas em 2022, destacando diferenças significativas: “Em 2022 já tínhamos tido episódios complicados, mas nessa altura a chuva caiu de forma contínua. Agora foi diferente. Foi brutal. Foi imediato”.

Ainda assim, o responsável garante que a resposta municipal melhorou desde as cheias de 2022. Foram instalados três medidores de caudal em áreas ribeirinhas e sistemas de alerta precoce, permitindo retirar viaturas, mobilizar equipas e emitir avisos à população com minutos de antecedência. “Houve diferenças claras. Conseguimos ter alguma previsibilidade nos pontos críticos anteriores, mas surgiram novos locais que nunca tinham sido afetados”, acrescentou.

Um Problema Estrutural

Embora os especialistas concordem que a chuva em si não seja incomum, o impacto devastador revela fragilidades estruturais. Ricardo Reis, climatologista do IPMA, sublinha que fenómenos semelhantes ocorreram em várias regiões do país no mesmo período, como Beja, Estremoz, zonas próximas de Setúbal, sul de Castelo Branco, Santarém e Abrantes. Em alguns casos, a precipitação foi ainda superior à registada em Odivelas e Loures.

“Se esta mesma chuva tivesse ocorrido sobre zonas com drenagem adequada, não estaríamos a falar disto”, reitera Mário Marques, apontando para a necessidade urgente de investimento em infraestruturas resilientes e planeamento urbano sustentável.

Conclusão

Enquanto a autarquia de Odivelas classifica o episódio como “brutal” e “imediato”, os cientistas reforçam que o problema principal reside nas condições urbanas e ambientais que amplificam os efeitos da chuva. Este contraste entre percepções realça a importância de um diálogo constante entre especialistas, decisores políticos e comunidades para mitigar futuros impactos.

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